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PARQUE DA VÁRZEA SUL
1.º PRÉMIO
ZONA DE ENTRADA DA CIDADE DA FIGUEIRA DA FOZ
REABILITAÇÃO URBANA E COMPLEXO EXPOSITIVO, FIGUEIRA DA FOZ
A abordagem conceptual do projeto baseia-se em princípios de sustentabilidade ecológica que, apesar de ancestrais, pois sempre o Homem dependeu da exploração sustentada dos recursos naturais, se revelam atualmente centrais na discussão sobre as novas formas de fazer cidade. A sustentabilidade ecológica é ela própria geradora de valor, pois assegura, a longo prazo, a viabilidade e sustentabilidade financeira dos projetos promovidos pelos diferentes intervenientes.
O projeto que aqui se apresenta a concurso propõe valorizar em simultâneo o espaço natural do Vale da Várzea e o espaço edificado das encostas adjacentes. Esta reabilitação urbana seria possível por via da naturalização do vale sul, da deslocalização do edificado para a encosta nascente (Casal do Rato) e da abertura de novos arruamentos transversais ao vale.
Propõe-se alavancar a reabilitação urbana neste nó estratégico de entrada na cidade, criando um espaço verde urbano com potencialidade para ser um importante polo de atração, tanto para os habitantes como visitantes, criando uma conexão entre o centro histórico e a malha urbana mais desqualificada a nascente. Julgamos que a zona da entrada principal da Figueira da Foz seria claramente beneficiada pela existência de um parque verde urbano que se constituísse como um digno remate do Parque da Várzea, estabelecendo-se como plataforma de continuidade e conexão urbana, num ponto onde se concentram ligações e meios de transporte.
A reabilitação e ampliação do edificado industrial da estação ferroviária permitirá inscrever o projeto numa lógica de economia circular, reconvertendo as estruturas existentes e, assim, gerando menor pegada carbónica na construção. Para tal, optou-se por ampliar reabilitando ao máximo os elementos existentes, como é exemplo a ampliação do edifício mais a Norte que deverá ser recoberto com nova construção, mantendo-se o volume em alvenaria de pedra pré-existente no interior do novo “invólucro”. Já o edifício mais a sul deverá ser ampliado sem qualquer intervenção de monta nos elementos pré-existentes, dada a qualidade arquitetónica e bom estado de conservação dos mesmos.
Partindo da premissa de requalificação do espaço em linha de vale, todas as outras peças do projeto ganham consistência e resultam valorizadas, como é o caso dos armazéns da Rua Arnaldo Sobral e da encosta do Casal do Rato. Julgamos que a intervenção no espaço público do vale valorizará de sobremaneira o potencial construtivo e funcional tanto das construções existentes, como das construções futuras na encosta, onde, aliás, se poderá usufruir de vistas amplas sobre mar e rio, assim como da proximidade a um parque verde qualificado e de melhorados acessos viários e pedonais. O Casal do Rato deverá finalmente ser parte integrante da malha urbana central. Reforçando o potencial gerado pelo parque urbano, há que notar a importância da abertura do eixo de ligação entre a praça do quartel (Praça Dr. Francisco Lopes Guimarães) e o dito parque verde, cessando o bloqueio de mais de um quilómetro sem ligações viárias entre o vale da Várzea e o centro da cidade.
Deverá ser invertida a lógica de urbanização em linha de vale, demolindo os armazéns existentes e garantindo que o novo parque atua como bacia de retenção de águas provenientes da Várzea de Tavarede. As alterações climáticas exercerão mais e mais pressão sobre cursos de água com fenómenos extremos de enxurradas concentrados no espaço e no tempo. Para tal é essencial proceder à renaturalização do ribeiro da Várzea e estabelecer ligeiras pendentes de fora para o interior do parque, tendo essa linha de água como canal de escoamento e de retenção. As soluções urbanas de base natural (Nature Based Solutions) acima descritas, inscrevem o projeto nas melhores práticas de sustentabilidade e regeneração urbana.